Quando lançamos por aqui o Report sobre Veganismo – Não é Sobre Comida, especulamos sobre desdobramentos a partir de alguns fatores que transformaram uma ideologia de vida – o ser vegano – em tendência comportamental. As especulações buscaram explorar, via Cenários de Futuros, possíveis desenvolvimentos para esses fatores, sendo alguns deles mais potencializadores de transformações sistêmicas. É o caso, por exemplo, da substituição total da alimentação com produtos de base animal por outros, à base de plantas. E, aqui não estamos falando de comer vegetais e verduras somente: estamos falando da ampla gama de produtos que hoje existem e que são conhecidos como Plant-based, e que vão desde carnes feitas em laboratório, até outros alimentos geralmente associados ao universo animal, como queijos, leites e – ainda em fase de pesquisas – até ovos!
Outro fator que está no centro da difusão do Veganismo como uma tendência comportamental é a relação entre consumir produtos veganos e o combate às mudanças climáticas, tema que ganha cada vez mais contornos catastróficos (e não, não estamos utilizando uma figura de linguagem aqui). Logicamente, a alimentação é algo que sempre será fundamental quando falamos sobre Veganismo, mas, sabemos que existem cada dia mais produtos que levam a alcunha de “veganos”, e que conquistam adeptos no mercado por conta disso. Nesse sentido, os campos da Moda e da Cosmética despontam como amplos mercados onde essa lógica prospera de modo exponencial.
Mas, retomando o tópico fundamental do Veganismo – a alimentação animal free em todos os sentidos – é interessante observar alguns movimentos políticos que vem acontecendo de modo a promover esse fator e, com isso, produzir efeitos positivos no que tange à diminuição de emissão de carbono na atmosfera. Temos dois casos interessantes para citar aqui: a Holanda, que pretende ser o primeiro país vegano do mundo, e a cidade de Los Angeles (CA), nos EUA. Neste último caso, desde de outubro de 2022 vigora uma recomendação do Los Angeles City Council para adoção de uma alimentação plant-based, tanto localmente, como em todo o país. A partir do endosso unânime, por parte desta entidade, ao the Plant Based Treaty (movimento internacional que trabalha diferentes frentes para difundir, educar e transformar a alimentação a partir de alimentos totalmente à base de plantas), a cidade de LA mostrou que acredita realmente que transformações nos hábitos alimentares terão um impacto imediato na diminuição das emissões de carbono, o que irá contribuir com as metas estabelecidas pelos EUA nesse sentido.
Já no caso da Holanda, já foi estabelecida uma data para que a população do país deixe de consumir alimentos de base animal: 2030. Obviamente, uma mudança como essa, que visa atingir praticamente 18 milhões de pessoas, não pode ser imposta, simplesmente. E é por isso que o governo do país vem trabalhando em diferentes frentes, como agricultores e indústrias alimentícias, mas, também, educadores nos distintos níveis.
A medida parece radical, uma vez que a indústria de alimentos de base animal não é pequena, seja na Holanda ou em Los Angeles. Mas, quando vemos que essas decisões não são isoladas, ou seja, elas estão alinhadas a outras, que buscam solucionar outros aspectos que contribuíram muito para o aumento das emissões de maneira geral, entendemos que há um esforço realmente sistêmico nisso. Para compreender isso basta olhar para recentes notícias sobre a resolução da União Européia sobre carros com motor a combustão. Segundo dados disponíveis em reportagens recentes, países da UE aprovaram o fim da venda dos carros movidos a gasolina, diesel e derivados em 2035. A ideia é introduzir motores que funcionem a base dos e-fuels, que emitem 0% de CO2 na atmosfera.Os e-fuels são combustíveis sustentáveis que podem ser produzidos em grande escala, em laboratórios, e prometem maior performance para os carros que os motores elétricos.
Apesar de parecerem soluções isoladas, as transformações na alimentação e as mudanças nos tipos de combustíveis compartilham de um mesmo valor: a necessidade de soluções em nome da nossa sobrevivência. Parece radical? Bem, se você pensa assim então precisa realmente conhecer nosso Report sobre Veganismo! E, aproveitamos para indicar a seção onde elaboramos os Cenários de Futuros a partir de alguns insights que a pesquisa nos apresentou. Certamente, o segundo cenário vai apresentar alguns desdobramentos muito conectados ao que falamos nesse texto.
Boa leitura!
por Paula Visoná – Diretora de Inovação