O título desse texto parece até redundante, não é? Afinal, quem é designer, ou trabalha com Design, sabe que sempre há um momento de pesquisa incorporado ao processo de pensar e fazer Design. Porém, com os vários desdobramentos do campo, especialmente nas últimas três décadas, a Pesquisa – e vou usar letra maiúscula devido à importância que diferentes modalidades de pesquisa tem hoje – contribuiu para transformar e ampliar o Design. Explico: desde sempre, fazer Design tem a ver com conectar conhecimentos de áreas diferentes, buscando resultados que expressam princípios e valores que surgem dessas combinações.
Assim, com o passar do tempo, o Design foi ativando várias combinações – entre marketing e criatividade, entre gestão e ciências sociais aplicadas, entre comunicação e economia, entre biologia e engenharias, entre informação e artes visuais e tantas outras mais. Essas combinações foram sendo orquestradas conforme novas demandas foram surgindo, emergindo dos desenvolvimentos próprios da cultura cotidiana. Mas, como fazer para extrair elementos que possam, justamente, expressar as potências de todas essas conexões e, ao mesmo tempo, contemplar e/ou antecipar demandas de pessoas, comunidades e diferentes ecossistemas? Bem, é aqui que a Pesquisa entra como um elemento definitivamente estratégico.
Claro, temos que levar em consideração a diversidade de tipos de Pesquisas conforme as relações que queremos construir/combinar. É nesse momento que a relação entre Design, Humanidades e Tecnologia permite o desenvolvimento de várias modalidades de investigação, aplicáveis a diferentes demandas, em diferentes contextos. Por exemplo, pesquisas do tipo observação – participante ou não participante – são fundamentais para projetos de Design de Serviços, UX e UI Design e Design para a experiência. Já pesquisas que envolvem diretamente o envolvimento de pessoas e/ou grupos – como Grupos Focais ou Sondas Culturais – são muito bacanas para (re) pensar estratégias de posicionamento de marca, estabelecimentos de elementos de Branding e Comunicação. Também são ótimas técnicas para pensar produtos – físicos e/ou digitais – coletar percepções para desenvolvimentos gráficos, dentre outras coisas. Pesquisas do tipo Etnografia e/ou Netnografia são ferramentas fundamentais para identificação de gostos e preferências compartilhadas entre grupos de pessoas, contribuindo diretamente na constituição de Perfis de Comportamento e Personas.
Isso sem falar das Pesquisas do tipo Desk, que são muito utilizadas para identificar elementos de inspiração no processo de geração de alternativas de naming e identidade visual. Ou, das Pesquisa com abordagem quantitativa, onde são estruturados questionários a partir de escalas que permitem a identificação de estatísticas sobre diferentes tipos de fenômenos, contribuindo no reconhecimento de fatores decisivos sobre o mercado. E, claro, todas essas pesquisas podem ser auxiliadas por outras ferramentas, como plugins e IAs que contribuem na busca, pré categorização, visualização e dinâmica entre dados e informações levantadas.
Aí você pode perguntar: mas, e a pesquisa de Tendências/Macrotendências? Bem, esse tipo de Pesquisa pode usar todas as técnicas citadas e outras mais, dependendo muito se o que se quer é identificar justamente uma Tendência ou uma Macrotendência, visto serem nomes que dão conta de fenômenos e eventos que até tem semelhanças intrínsecas, mas que operam em temporalidades completamente diferentes. Mas, esse é assunto para um próximo artigo!
por Paula Visoná – Diretora de Inovação